sexta-feira, 4 de julho de 2008

O Portão das Nossas Memórias…

Pois é! Aqui está o verdadeiro portão de todas as nossas memórias.
O Verão, continuava a ser a estação de todas as brincadeiras!
Todos os dias a caminho da habitual concentração matinal, passávamos obrigatoriamente por uma rua de terra batida, onde se localizava a casa da Sra. Aurora, a ultima casa que antecedia o largo da “Venda da Teresinha”.
Todos os dias jogávamos á bola, e esta era normalmente cravada aos meus primos que eram filhos dum árbitro de futebol.
Caso nos portássemos bem, ele deixava-nos jogar com uma das bolas de capão que normalmente trazia para casa depois dos jogos que arbitrava. Jogar com uma bola de CAPÃO, era um privilégio que nem qualquer miúdo na altura tinha. Sempre que isso acontecia, era dia de festa; nos outros dias, o jogo era feito com uma simples bola de plástico, daquelas que saía de tempos em tempos nos “jogadores” comprados na “Venda da Teresinha”, ou jogávamos com alguma bola já furada, ganha em algum natal passado.
Os jogos da bola que decorriam normalmente no largo, eram muitas vezes interrompidos pelos gritos e gargalhadas dos miúdos, seguido das corridas destes á volta da Sra. Aurora, a tentar fugir ás reprimendas dela; que vinha ao largo tentar saber quem tinha pontapeado o portão.
A Senhora Aurora, era uma senhora solteira e já velhinha, que tinha a seu encargo uma menina da nossa idade, que estudava connosco.
Sempre que lá passávamos pontapeávamos ou arremessávamos uma pequena pedra para o portão de chapa. Sabíamos que ela estava á nossa espera do lado detrás do portão, para ver se nos apanhava em flagrante delito. Quando isso acontecia (o que era raro) puxava-nos as orelhas e tentava saber de quem éramos filhos, para poder fazer queixa às nossas mães…
Muitas das vezes, entretínhamos a bater no portão para desviar a atenção da Sra. Aurora, para que alguém pudesse saltar para o seu galinheiro, para surripiar algumas penas às suas galinhas, que depois serviam para embelezar os trajes das nossas brincadeiras dos índios & cowboys.
Muitas vezes, no fim do dia, depois de mais um dia de brincadeiras, o portão era pontapeado pela última vez, e servia de sinal de partida para a corrida final até casa…
No fundo, todos gostávamos da Senhora Aurora, pois participava (e acabava por ajudar) em muitas das nossas brincadeiras.
Hoje, tenho a certeza que o mesmo acontecia com ela, gostava de nós (crianças) porque acabávamos por ser a sua única companhia diária, juntamente com a Fátima.

Que Deus a tenha em bom lugar! O lugar que ela merece!

2 comentários:

Isabel Ferreira disse...

Tal como já nos habituou, "O mundo das coisas..." apresenta aqui mais um Post que nos remete a todos para o período mais importante das nossas vidas - a INFÂNCIA -
Neste caso concreto, eu fui uma das que foi "apanhada" pela Sr.ª Aurora depous de bater na porta :)
Esteja onde estive a Sr.ª Aurora está concerteza em PAZ!

Ritinha disse...

de rir... tadita da mulher!
teve k aturar um bando de deliquentes!!! na brinka

o portao inda ta la no sitio... por isso a coça k lhe deram nao foi assim tanta