Pois é! Aqui está a casa de povo, o nosso “casino” das tardes de verão, onde realizávamos jogos e jogos sem gastar um tostão…
As tardes nem sempre eram passadas no largo da “venda da Teresinha”, nem no campo Velho. Havia que começar a explorar outros pontos da nossa aldeia, afinal havia sempre um conhecido noutro ponto da nossa terra; um primo, um amigo da catequese, um conhecido da escola, tudo era motivo mais que suficiente para nos dirigirmos para lá das nossas fronteiras. Para isso, fizemos um pequeno trabalho de prospecção e verificamos que podíamos explorar em termos de diversão, todas aquelas aquelas áreas.
O certo é que descobrimos, que o largo da feira, possuía um mundo de atractivos completamente novo, não havia somente um campo para jogar á bola, mas oferecia-nos um leque vasto de oportunidades a explorar.
Avançar mais de 500m para além do nosso território (o “largo da Teresinha”, ou o campo velho), era uma tarefa quase titânica, e de algum risco para quem na altura tinha 8, 9, ou 10 anos…
Juntávamos á vontade de viajar, toda a coragem de ultrapassar as fronteiras até aí definidas, e isso fazia com que nos sentíssemos verdadeiros aventureiros, verdadeiros conquistadores!
Assim, com a desculpa de ir brincar com um amiguinho da escola que vivia na feira, lá íamos nós á descoberta do desconhecido.
Avançávamos, quinze metros para baixo do campo velho, e passávamos pelo meio da casa do Senhor Abade, muitas vezes cruzávamos com ele, e pedíamos-lhe “a sua bênção”, que prontamente nos dava o seu “Deus Vos abençoe!”. Isto funcionava como uma bênção, ou uma protecção para quem parte á descoberta de mundos desconhecidos, ou seja, para quem parte para “além da Taprobana”!
Depois de passar a casa, e o passadiço do quintal do Senhor Abade, chegávamos á periferia da igreja, onde muitas vezes entravamos na sacristia, onde com ajuda de algum amiguinho que normalmente ajudava na celebração da missa de Sábado á noite ou no Domingo de manhã, surripiávamos algumas hóstias (não benzidas), que ele sabia onde encontrar.
Algumas vezes ajudávamos nos enterros. Quando alguém morria nós dirigíamos á igreja para sermos “contratados” para ir no cortejo fúnebre em representação da “Santa infância”. Lembro-me que nos davam uma 'opa' para vestir, de cor branca com uma capa azul bebé por cima, e ofereciam-nos (aqui a parte mais importante) 2$50 a cada um, por ir em sua representação. Algumas vezes, do outro lado da sacristia, num anexo semelhante, que funcionava mais como sede de ofertório, e de arrecadação de algum mobiliário, existia um piano já velho. Era uma festa, sempre que tínhamos de esperar, dávamos grandes concertos naquele piano. Até que um dia (e penso que foi a ultima vez que pertenci á “Santa Infância”), um dos Padres da freguesia, apanhou em flagrante delito um dos meus camaradas de cortejo, e arremessou-lhe semelhante estalo, que ainda hoje, está presente na minha memória a violência daquela mão a ser travada pela cara daquele pequeno miúdo, que não teria mais de 10 anos…
O certo é, quando íamos nestes cortejos, o dia estava ganho!!
Depois do périplo da igreja, avançávamos mais uns metros para baixo e passávamos pela padaria de baixo, pela barbearia do “pato”, seguido da farmácia e finalmente sem deixar de passar pela loja de roupa do Sr. Fernando (Bianca), chagávamos ao cruzeiro!
Daí avistávamos toda parte de cima da feira, as suas enormes árvores, o quiosque, e a placa de cima das barracas de apoio á feira. A feira realizava-se aos sábados de manhã, e lembro-me (muito vagamente) que quando ia á feira nesta altura, normalmente com a minha mãe, ou com a Senhora Amélia, uma senhora minha vizinha, o grosso dos feirantes encontravam-se na parte inferior, e os maridos das senhoras que faziam compras, e outros mirones, iam para cima dessa placa ver a malta a passar, ler o jornal, ou ainda montavam tertúlias sobre os acontecimentos futebolísticos da altura. Algumas vezes, nós íamos á feira e comprávamos (caso fosse sábado) um bolo, na senhora dos bolos, e íamos abeirar-nos juntos destes homens, para ouvir as suas conversas.
Mas isso era ao sábado, pois nos restantes dias íamos ao largo da feira para desafiar os meninos desse sítio, para realizarmos jogos da bola, ou para ir aos sapos no campo do “nandinho”.
Um pouco mais tarde, encontramos, um local em que podíamos entrar sem problemas, sem que os donos dos cafés nos expulsassem, a famosa Casa do Povo…
As manhãs das férias grandes, iniciavam com o jogo da bola no campo velho, e eram precedidas de tardes quentes a jogar diversos jogos de mesa, na casa de povo.
Passávamos as tardes a jogar ping pong”, matraquilhos, poker de dados, cartas, e a beber o famoso rical de pêssego (muitas vezes com os 2$50 ganhos nos cortejos fúnebres) e a comer tremoços. Na casa do povo éramos tratados como verdadeiros clientes, pois não tínhamos a obrigação de consumir nada.
Na casa de povo, aprendemos com o senhor João a técnica do ping pong, com o “Nelson R…” a jogar poker de dados, e com outros a jogar jogos de cartas (sobe e desce, copas, lepra, sueca, e mais tarde jogávamos king), quanto aos matraquilhos somente aperfeiçoada a técnica, pois a aprendizagem foi no Angola.
As tardes nem sempre eram passadas no largo da “venda da Teresinha”, nem no campo Velho. Havia que começar a explorar outros pontos da nossa aldeia, afinal havia sempre um conhecido noutro ponto da nossa terra; um primo, um amigo da catequese, um conhecido da escola, tudo era motivo mais que suficiente para nos dirigirmos para lá das nossas fronteiras. Para isso, fizemos um pequeno trabalho de prospecção e verificamos que podíamos explorar em termos de diversão, todas aquelas aquelas áreas.
O certo é que descobrimos, que o largo da feira, possuía um mundo de atractivos completamente novo, não havia somente um campo para jogar á bola, mas oferecia-nos um leque vasto de oportunidades a explorar.
Avançar mais de 500m para além do nosso território (o “largo da Teresinha”, ou o campo velho), era uma tarefa quase titânica, e de algum risco para quem na altura tinha 8, 9, ou 10 anos…
Juntávamos á vontade de viajar, toda a coragem de ultrapassar as fronteiras até aí definidas, e isso fazia com que nos sentíssemos verdadeiros aventureiros, verdadeiros conquistadores!
Assim, com a desculpa de ir brincar com um amiguinho da escola que vivia na feira, lá íamos nós á descoberta do desconhecido.
Avançávamos, quinze metros para baixo do campo velho, e passávamos pelo meio da casa do Senhor Abade, muitas vezes cruzávamos com ele, e pedíamos-lhe “a sua bênção”, que prontamente nos dava o seu “Deus Vos abençoe!”. Isto funcionava como uma bênção, ou uma protecção para quem parte á descoberta de mundos desconhecidos, ou seja, para quem parte para “além da Taprobana”!
Depois de passar a casa, e o passadiço do quintal do Senhor Abade, chegávamos á periferia da igreja, onde muitas vezes entravamos na sacristia, onde com ajuda de algum amiguinho que normalmente ajudava na celebração da missa de Sábado á noite ou no Domingo de manhã, surripiávamos algumas hóstias (não benzidas), que ele sabia onde encontrar.
Algumas vezes ajudávamos nos enterros. Quando alguém morria nós dirigíamos á igreja para sermos “contratados” para ir no cortejo fúnebre em representação da “Santa infância”. Lembro-me que nos davam uma 'opa' para vestir, de cor branca com uma capa azul bebé por cima, e ofereciam-nos (aqui a parte mais importante) 2$50 a cada um, por ir em sua representação. Algumas vezes, do outro lado da sacristia, num anexo semelhante, que funcionava mais como sede de ofertório, e de arrecadação de algum mobiliário, existia um piano já velho. Era uma festa, sempre que tínhamos de esperar, dávamos grandes concertos naquele piano. Até que um dia (e penso que foi a ultima vez que pertenci á “Santa Infância”), um dos Padres da freguesia, apanhou em flagrante delito um dos meus camaradas de cortejo, e arremessou-lhe semelhante estalo, que ainda hoje, está presente na minha memória a violência daquela mão a ser travada pela cara daquele pequeno miúdo, que não teria mais de 10 anos…
O certo é, quando íamos nestes cortejos, o dia estava ganho!!
Depois do périplo da igreja, avançávamos mais uns metros para baixo e passávamos pela padaria de baixo, pela barbearia do “pato”, seguido da farmácia e finalmente sem deixar de passar pela loja de roupa do Sr. Fernando (Bianca), chagávamos ao cruzeiro!
Daí avistávamos toda parte de cima da feira, as suas enormes árvores, o quiosque, e a placa de cima das barracas de apoio á feira. A feira realizava-se aos sábados de manhã, e lembro-me (muito vagamente) que quando ia á feira nesta altura, normalmente com a minha mãe, ou com a Senhora Amélia, uma senhora minha vizinha, o grosso dos feirantes encontravam-se na parte inferior, e os maridos das senhoras que faziam compras, e outros mirones, iam para cima dessa placa ver a malta a passar, ler o jornal, ou ainda montavam tertúlias sobre os acontecimentos futebolísticos da altura. Algumas vezes, nós íamos á feira e comprávamos (caso fosse sábado) um bolo, na senhora dos bolos, e íamos abeirar-nos juntos destes homens, para ouvir as suas conversas.
Mas isso era ao sábado, pois nos restantes dias íamos ao largo da feira para desafiar os meninos desse sítio, para realizarmos jogos da bola, ou para ir aos sapos no campo do “nandinho”.
Um pouco mais tarde, encontramos, um local em que podíamos entrar sem problemas, sem que os donos dos cafés nos expulsassem, a famosa Casa do Povo…
As manhãs das férias grandes, iniciavam com o jogo da bola no campo velho, e eram precedidas de tardes quentes a jogar diversos jogos de mesa, na casa de povo.
Passávamos as tardes a jogar ping pong”, matraquilhos, poker de dados, cartas, e a beber o famoso rical de pêssego (muitas vezes com os 2$50 ganhos nos cortejos fúnebres) e a comer tremoços. Na casa do povo éramos tratados como verdadeiros clientes, pois não tínhamos a obrigação de consumir nada.
Na casa de povo, aprendemos com o senhor João a técnica do ping pong, com o “Nelson R…” a jogar poker de dados, e com outros a jogar jogos de cartas (sobe e desce, copas, lepra, sueca, e mais tarde jogávamos king), quanto aos matraquilhos somente aperfeiçoada a técnica, pois a aprendizagem foi no Angola.
2 comentários:
Um "Rical" LOL ... onde é que isso já vai ;)
A famosa CASA DO POVO ... eu e a Nélinha costumavamos lá passar para ver se havia Kentucky para podermos fumar um "mata-ratos" atrás da Igreja ou atrás do Ciclo.
Curioso como as vivências|experiências são completamente distintas, muito embora o tempo|espaço seja o mesmo.
Sugestão: Não esquecer que no mesmo trajecto ainda falta falar da famosa, da gloriosa VIRINHA ;)
é só um prémio:
http://asetadocupido.blogspot.com/2008/09/prmio-dardos.html
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