Pois é! Aqui estão as verdadeiras senhoras dos tremoços...
As recordações que tenho mais presente no meu consciente, relativamente a quando era criança (e digo criança com menos de 8 anos), era de ir ao domingo, ver o jogo da bola lá na minha terra, com o meu pai.
Nessa altura os jogos realizavam-se como é habitual ao domingo, o Sr. Henrique, que é o meu pai, levava-me pela mão de casa até ao campo da bola, percorrendo perto de 1km até chegar ao campo de jogo. Ali, nos sentávamos, ou melhor, não nos sentávamos! Já explico:
Antigamente o campo da bola lá da terra, era um campo "pelado", ou seja sem relva, com uma cerca de tubos metálicos, a dividir o recinto de jogo.
As bancadas não existiam, ou melhor existiam, era a placa de cimento dos balneários; isto para quem conseguisse dar um valente salto para lá; ou tivesse um amigo que cruzasse os dedos e desse uma ajudinha para lá chegar. Mas aquilo nem era bem bancadas...era mais, isso sim, camarotes.
O que de lá para cá não mudou nos jogos, foi a serie de insultos ás mães dos mal aventurados árbitros e dos seus compinchas.
Afinal a malta vai á bola é para descontrair! E mais ainda, os intervenientes (os gajos que jogavam á bola e os gajos de preto) têm que respeitar quem paga, porque quem paga tem todo o direito, e nenhum dever sobre quem recebe. E mais nada!!
Mas estou a fugir do tema que me levou a escrever esta crónica, o Sr. Henrique era sócio do clube da bola com as quotas em dia porque os senhores da direcção andavam de casa em casa a receber as respectivas receitas.
O clube era pobre, e a grande receita fazia-se através da centena e meia de sócios cumpridores. No intervalo do jogo, e aqui para mim, a parte melhor...o Sr. Henrique, que é meu pai, pegava numa moeda e dava-ma para eu poder ir comprar um saquinho de tremoços. A senhora (penso que se chamava Sra. "Metildes") dava-me um saco de tremoços, e escolhia o que continha mais azeitonas pretas. No meio dos sacos dos tremoços havia algumas azeitonas que davam um toque de publicidade e marketing ao produto, para que este tivesse mais saída.
Se me perguntarem quais as equipas que jogavam com o clube da terra?
Terei de responder: "-Não faço a mínima ideia!"
Se me perguntarem os nomes dos jogadores?
"-Também não sei!
Mas, o mais importante ficará sempre gravado na minha memória:
O orgulho que sentia em ir ver a bola com o meu pai (isto nunca esquecerei!);
Que no intervalo comia tremoços que a Sra. "Metildes" vendia;
E no final do jogo, sentia-me realmente bem, porque das pequenas coisas do mundo, nascem os maiores sentimentos de amor...
Para o meu pai...
Henrique Paulo Ferreira
1 comentários:
enes de fixe!!! kem me dera ter destas memorias
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